'Passaria por tudo novamente': Conheça histórias de acreanas que realizaram o sonho da maternidade pela adoção

  • 25/05/2024
(Foto: Reprodução)
No Dia Nacional da Adoção, comemorado neste sábado (25), duas mães contam ao g1 como conheceram seus filhos e como é a jornada de dedicação, atenção e cuidado a eles. Nívea Melo conta do sentimento de amor ao ser mãe adotiva de duas crianças no Acre Sidnei Mata/Rede Amazônica 💛 Amor 'inesgotável', 'divino', 'genuíno' e 'inexplicável'. Estes são alguns dos adjetivos que as mães adotantes usam para descrever o que sentem pelos filhos. Neste sábado (25), Dia Nacional da Adoção, o g1 conta a história de duas mães acreanas que lutaram, cada uma de sua maneira, para terem os filhos em seus braços. LEIA MAIS: Mais de 60 crianças e adolescentes foram adotadas no Acre em 2023, diz Justiça Pai solo consegue licença-paternidade de 6 meses para cuidar do filho adotivo no Acre: 'criar memórias' Entrega voluntária de recém-nascidos à adoção não é crime e é garantida por lei; entenda como funciona o processo 👪 A adoção é quando se cria um vínculo familiar, até então inexistente, sem ter um laço genético. De acordo com a lei, a adoção é uma medida excepcional e tomada em último caso, depois de esgotadas todas as formas de restabelecer vínculo com a família de origem. Segundo dados da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), em 2023, foram adotadas 62 crianças e adolescentes que puderam ter uma nova família. A maior parte das adoções foi realizada na capital, sendo 38. O restante ocorreu em oito municípios: Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Senador Guiomard, Xapuri, Epitaciolândia, Plácido de Castro, Tarauacá e Mâncio Lima. Quando entra no sistema de acolhimento, a criança passa por uma avaliação, assim como a família. Neste encontro, as necessidades são trabalhadas para tentar solucionar os problemas. Quando é percebido que não é possível resolver os conflitos, para a proteção das crianças e adolescentes, os pais são destituídos do poder familiar e elas são colocadas para a adoção. Irmãos Nivea de Carvalho, adotou dois irmãos há 6 meses Arquivo pessoal Funcionária pública e educadora social, Nivea de Carvalho, tem 40 anos e descreve como virou mãe de duas crianças. Ela foi casada há sete anos e durante este período, não teve filhos e nem idealizava por meio da adoção. Ela trabalhava há quatro anos no serviço de acolhimento familiar, que é um atendimento temporário de crianças até elas irem para uma família adotiva. Mesmo solteira, ao conversar com uma amiga, surgiu nas duas a vontade de adotar. Entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, Nivea começou a realizar as visitas técnicas, consultas com psicólogos e entrou, efetivamente, na fila de adoção. Ao realizar o cadastro, a funcionária pública colocou que poderiam ser até dois irmãos de até 7 anos, independentemente de sexo ou cor de pele. “Eu achei que fosse demorar mais, mas no final de novembro de 2023 entraram em contato comigo, falando que tinham duas crianças disponíveis, que tinham, na verdade, sido destituídas do poder pátrio. Elas entraram na fila do cadastro e aí lá fazem o cruzamento conforme o perfil [que ela tinha colocado]. Demorou menos de um ano e aí já estamos juntos há quase seis meses”, diz. Mesmo sendo solteira, Nivea de Carvalho adotou os dois irmãos de 3 e 4 anos no Acre Arquivo pessoal A educadora social ainda esclarece que como ela colocou no cadastro um perfil abrangente, com crianças de idade maior, o processo de adoção acabou sendo mais rápido. “Hoje a maior dificuldade são crianças maiores e adolescentes, que chamam de adoção tardia. A maioria das pessoas geralmente quer bebezinho”, complementa. Nivea conta que a menina e o menino são irmãos com 3 e 4 anos, e mesmo com pouco tempo, já estão adaptados a ela e a nova rotina. “Eles já estão totalmente adaptados à família, tanto que meus pais estavam até com medo de não dar certo, de tirarem da gente [as crianças], mas eu expliquei que o maior interessado que a adoção dê certo é o próprio juizado”, disse. Ao saberem que receberiam novos membros na família, as crianças ganharam praticamente todos os itens necessários da família e amigos. No entanto, explica que o processo de adaptação por parte das crianças é sempre mais delicado, em razão de situações vivenciadas anteriormente por elas. “Estamos esperando o tempo deles, esperando que eles possam confiar na gente, que eles se sintam à vontade. É impossível eu recalcar, eu apagar o que eles viveram antes. Mas a nossa caminhada precisa ser de ressignificar toda a vivência que tiveram e dar um novo sentido para eles. Tiveram pessoas na vida deles que os abandonaram, tiveram pessoas que se aproveitaram da sua infância, da sua fragilidade. E eu sou a pessoa que está dando um novo chão para eles pisarem, que está dando um novo caminho e segurando na mão deles”, afirma. 'A melhor filha que eu poderia ter' A policial militar, Daiany Pinto, foi surpreendida com a chegada da filha em 2017 Arquivo pessoal A história da policial militar Daiany Pinto, de 35 anos, foi um pouco diferente. Em 2017, ela já estava casada há 7 anos. Desde muito nova, tinha vontade de ter uma filha e dar a ela um quarto rosa e um material escolar das princesas. Mas, com após receber o diagnóstico de que não poderia engravidar, acabou 'deixando de lado' o sonho de ser mãe. Naquele ano, ela e o esposo conheceram uma adolescente que teve uma bebê em decorrência de violência sexual. A mãe biológica da menina, com apenas 16 anos, tentou cuidar da filha. Porém, três anos após o nascimento da bebê, foi expulsa da casa onde os abusos ocorriam. A partir daí, a jovem pediu para que Daiany e o marido cuidassem da filha dela, pois não tinha condições psicológicas e financeiras de cuidar de uma criança pequena. No início, a policial ficou relutante, mas o marido a convenceu e a partir de então, o amor começou a crescer. Daiany relembra o momento em que percebeu que era mãe de Amanda. “Uma semana depois, estávamos assistindo desenho, eu olhei para ela e pela primeira vez disse que a amava. Ela me olhou e começou a chorar. Foi a primeira vez que eu vi ela chorando. Eu choro toda vez que lembro”, afirma, emocionada. Depois de começar a cuidar da criança, que na época tinha 4 anos, o casal foi até o Fórum Judicial para iniciar com os trâmites legais da adoção. Em 2024, após 7 anos, a sentença do processo foi recebida e a menina pôde ter seus documentos alterados com o nome da mãe e do pai adotivos. Daiany divorciou em 2021, porém os dois optaram pela guarda compartilhada e a menina, agora com 11 anos, tem duas casas. Desde sempre, a policial decidiu contar para a filha como ela chegou em sua vida. “Eu converso muito com ela, explico e ela vai entendendo, mas ela ainda tem um pouco de vergonha. Quando temos que ir em algum lugar e precisa explicar o porquê o meu nome não estava no documento dela, ela já pede logo: ‘mãe vai logo lá falar’”, comenta. Sobre ser mãe da Amanda, Daiany se diz completamente realizada e que tem a melhor filha que poderia ter. “Deus não esqueceu de mim. Me deu a melhor filha que eu poderia ter. Ela me dá muito orgulho. Eu não me arrependo de nada, passaria por tudo novamente quantas vezes fosse preciso. Acredito que quem deseja ter um filho, e por algum motivo não pode, basta confiar em Deus e esperar pelo processo, pois tudo tem a sua hora”, garante. Adoção no Acre Conforme o levantamento do CIJ, ainda é possível perceber que somente quatro das 62 adoções foram tardias, ou seja, de crianças e adolescentes mais velhos. No relatório ainda foi apontado que mais da metade das adoções, 35 casos, foram feitos no intuito personae, que é quando a genitora escolhe para quem entrega a criança, sem que a pessoa esteja no Cadastro de Adoção. Essa prática torna-se ilegal se não for levada até a Justiça para regularização da situação. Cadastro Nacional de Adoção O Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJ-AC) informa que todas as adoções legais tem que passar pelo Poder Judiciário. As partes interessadas em adotar devem pedir a sua habilitação no Sistema Nacional de Adoção (SNA), em qualquer comarca do Estado (Vara da Infância e Juventude). Compete ao juiz decretar a perda do poder familiar e colocar a criança em adoção. Esse encontro entre a criança que pode ser adotada e as pessoas que querem adotar é feito pelo sistema SNA. Qualquer outra forma de adoção é ilegal e pode ocasionar na retirada da criança daquelas pessoas que o fizeram fora do Judiciário. O cadastro é gratuito, basta ser maior de 18 anos, juntar as certidões negativas e comprovar que tem condições financeiras e psicológicas para criar uma criança. É preciso que haja uma diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança ou adolescente a ser adotado. VÍDEOS: g1

FONTE: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2024/05/25/passaria-por-tudo-novamente-conheca-historias-de-acreanas-que-realizaram-o-sonho-da-maternidade-pela-adocao.ghtml


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